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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Racismo e Cinema


Bill "Bojangles" Robinson (1878-1949), ator-dançarino, começou sua carreira no teatro. Na época, negros somente poderiam subir ao palco aos pares, pois como diziam na época "não dá para fazer palhaçadas sozinho". Também precisavam pintar de branco ao redor dos olhos e da boca e usar luvas brancas, para parecerem brancos pintados de preto. Ao ser contratado pela produção do show Blackbirds, Robinson disse que nunca mais subiria no palco com o rosto pintado.

A imagem abaixo é um exemplo de como atores negros precisavam se maquiar nas peças teatrais:


Em 1935, Robinson foi para Hollywood e inaugurou a entrada de um casal na história do cinema, Bill “Bojangles” e Shirley Temple, então com apenas 6 anos de idade e já consagrada queridinha dos americanos. A estréia da dupla aconteceu no filme "A Mascote do Regimento" (Little Colonel). As leis da época proibiam que um negro dançasse com uma mulher branca. Mas como Shirley era apenas uma criança, a Fox resolveu arriscar. A conexão entre os dois atores foi imediata. Shirley o chamava de "Uncle Billy" e ele passou a ser seu instrutor de sapateado. Durante os anos seguintes, trabalhariam juntos em vários filmes e se tornariam grandes amigos também fora da tela.


A cena da dança na escada em A Mascote do Regimento, polêmica para a época, mostra a dupla de mãos dadas enquanto dançam. O filme se passa durante a Guerra Civil Americana. A personagem da Shirley precisa passar algum tempo na casa do avô, fazendeiro e dono de escravos, enquanto sua mãe está doente. O filme fez enorme sucesso, mas a cena da dança na escada teve que ser cortada em alguns estados do sul. Embora a cena seja um marco inicial para o fim do racismo no cinema, o filme contém várias cenas consideradas racistas.


Shirley Temple e Bill Robinson em A Mascote do Regimento:


Essa cena foi um marco na carreira dos dois atores. Além do filme-biografia "Bojangles" (2001), sobre Robinson, também vi "Child Star: The Shirley Temple's Story" (1995). Os dois filmes refizeram a dança da escada na íntegra, mostrando a importância dessa cena para a carreira de ambos.

Parecia que um tabu havia sido derrubado, e que o racismo estava no fim. Porém, quando Bill Robinson foi cogitado para dançar com Eleanor Powell, as leis da época barraram o projeto. Robinson estreou vários outros filmes, e em alguns houveram cenas que precisaram ser cortadas antes do filme sair. Bojangles morreu em 1949, sua morte provocou grande comoção. O governo estadunidense oficializou o dia 25 de maio, dia de seu nascimento, como o Dia do Sapateado, para que assim ele fosse uma referência para os sapateadores.

Shirley Temple ainda participou de outros filmes considerados racistas, como "A Princesinha das Ruas", em que representa uma menina que participa de uma peça teatral do século XIX.

Cenas do filme Princesinha das Ruas:

Muitos outros filmes da época, incluindo "...E O Vento Levou", mostram negros como intelectualmente inferiores e ridicularizados pelos brancos. Embora o racismo ainda esteja presente na nossa sociedade, nas telas a situação aparentemente evoluiu, e hoje temos o prazer de prestigiar grandes talentos que, em outra época, teriam sido censurados pela cor de sua pele.

domingo, 5 de dezembro de 2010

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Inverno da Alma (Winter's Bone)


Vi ontem Winter's Bone (2010) da diretora Debra Granik, o título ainda sem tradução para o português (corrigindo, a tradução ficou como Inverno da Alma).

O filme conta a história de Ree Dolly, uma jovem de 17 anos que toma conta de dois irmãos menores e de sua mãe doente. Seu pai, preso por tráfico de drogas, deu a casa como garantia da fiança e desapareceu. Agora, ele é esperado para uma audiência e, se não comparecer, Ree e sua família perderão a casa.

A família sobrevive com a ajuda de vizinhos, e entre cuidar dos irmãos e arrumar provisões para o inverno, Ree parte em busca do pai para não perderem a casa. Para obter informações sobre seu paradeiro, ela precisa se meter entre a máfia que domina o local. Em cada porta que bate, recebe a mesma advertência: ou ela desiste ou estará em grande perigo.



A novata Jennifer Lawrence arrasa no papel, que pode dar a ela uma indicação para o Oscar 2011. É bom ver que a geração de atores teens não se resume ao elenco de Crepúsculo ou aos "astros" da Disney. Outra atuação marcante do filme é o ator John Hawkes, que interpreta Teardrop, tio da garota.

O lugar é uma região rural empobrecida das montanhas. O clima do filme é pesado e cinzento, como os dias que antecedem o inverno. Todos parecem estar envolvidos com o tráfico de drogas, fazendo dessa a principal atividade do local. Ree parece ser a única que permanece incorruptível, luta até o fim para proteger sua família e mostra que mesmo num ambiente onde tudo leva ao caminho do crime, é possível fazer a escolha certa.


Trailer do filme:


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

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As Crianças e a Guerra




A combinação criança + guerra é receita de sucesso de muitos filmes. E se você for ver um filme que tenha essas duas palavras na sinopse, pode ter certeza: você vai chorar no final.

O Cemitério dos Vagalumes (Hotaru no Haka - 2008) não foge dessa linha. A história acontece no Japão, em 1945, pouco antes de sua rendição aos Países Aliados. Após a morte da mãe em um bombardeio, Seita (14 anos) e sua irmãzinha Setsuko (4 anos) partem para a casa de uma tia, que os recebe somente pelo interesse nos mantimentos que os dois carregam. Quando a comida acaba, os dois partem para viver à própria sorte.



Em 1988, essa mesma história foi contada na animação O Túmulo dos Vagalumes, baseada no livro semi-autobiográfico do autor Nosaka, em homenagem à sua irmã, que morreu de desnutrição em 1945. Ele então escreveu a história para tentar amenizar a perda, pela qual se culpava.

O filme e a animação contam a mesma história, porém a sensação após o término é completamente diferente. O filme é mais "seco" e trás uma sensação negativa, depressiva, enquanto a animação, que começa "pelo final", é mais sensível e poética, e deixa uma sensação de esperança.


Tanto o filme quanto a animação são excelentes. Seita é um jovenzinho forçado a abandonar a infância para assumir a missão de tomar conta de sua irmã, sua única razão para continuar vivendo. A menina age exatamente como uma criança de sua idade: ela abre o berreiro quando quer, seja de sono, fome ou por não conseguir abrir a latinha de balas que carrega, brinca e se diverte com coisas simples.

No que diz respeito à ação, não espere muita coisa. O foco não é a guerra, e sim a fragilidade da vida e da juventude. O que mais comove é o fato das crianças não serem vítimas somente da guerra, mas principalmente da indiferença e da falta de compaixão dos adultos.

Trailer do filme O Cemitério dos Vagalumes (2008):

Trailer da animação O Túmulo dos Vagalumes (1988):

sexta-feira, 30 de julho de 2010

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Saudações!


Uma vez li que "um bom filme não termina quando as luzes do cinema acendem". Grandes filmes passam a fazer parte de nós, do que nós somos.

Meu nome é Mara, sou formada em Farmácia, com habilitação em Análises Clínicas. Por enquanto ainda moro em Florianópolis, mas em breve voltarei a morar em Timbó, interior de SC. Adoro música clássica, literatura e cinema, porém nunca quis levar nada disso como profissão. Acho que o lado científico é mais forte em mim do que o lado artístico (ou seja, não tenho talento artístico algum).

Cinema sempre fez parte da minha vida. Desde quando era criança, quando chegava sexta-feira e meu pai me levava para a locadora, me deixando escolher um filme que eu assistiria incontáveis vezes durante o fim de semana. Desde que pecebi que era possível sentir várias emoções misturadas no curto espaço de tempo de um filme.

Não tenho um gênero ou um diretor preferidos. Não tenho atores/atrizes favoritos, exceto talvez a atriz-mirim da década de 30, Shirley Temple, pelo carisma, otimismo e inocência de seus filmes (impossível não sentir que a vida vale à pena depois de ver um de seus filmes!). Meu filme favorito, aquele que já vi incontáveis vezes e que nunca é suficiente, é O Violino Vermelho (The Red Violin). Para mim, este é o filme perfeito.

Espero poder contribuir aqui, junto com o César, a Denise e a Pepa, com dicas, informações e curiosidades sobre a sétima arte, à qual sou grata por ter sido companhia em várias fases da minha vida, por ter proporcionado momentos incríveis, pelas pessoas com quem dividi muitos desses momentos, e, principalmente, por fazer parte de quem eu sou.