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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

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The Possession of David O'Reilly


Hoje em dia é raro assistir a um filme de terror bom. Aquele filme 'true horror' de deixar o espectador tenso, com medo do que vai acontecer na próxima cena. Então que eu vi o trailer de "The possession of David O'Reilly", um filme britânico que foi muito assimilado com Atividade paranormal (devido aquela antiga história de dizer que o filme é real e todos conhecem).

O filme é melhor que Atividade paranormal, isso sem dúvidas. Pra começar, a história ja é conhecida de tempos: Um casal recebe na madrugada um amigo, abatido por ter terminado com a namorada. Logo, deixam o tal amigo (David) passar a noite na casa. Então que o casal percebe que tem algo errado: David começa a falar que os "monstros" não o deixaram em paz e estão cercando a casa.

Mas o foco do filme não está no roteiro, e sim na direção do filme. A câmera, várias vezes, se torna um personagem da trama, hora David, hora Alex. E isso é o mais divertido, por que nas cenas de tensão, onde a escuridão toma conta das cenas, você se sente dentro do filme. O mais legal é que, além da câmera encarnar nos personagens humanos, as vezes ela mostra o ponto de vista dos demônios. Uma jogada original e genial.

Falando em escuridão, o ápice do filme é quando acaba a luz na casa e a unica claridade que temos é David com o celular na mão. O escuro chega até a incomodar, se talvez utilizassem um pouquinho mais de claridade, o filme seria melhor. Mas é aquela velha de história de: "hey, vamos deixar super realista, tudo bem?".

Nessa história de deixar o filme mais realista, o uso de atores amadores na projeção é essencial. Até que os atores desse filme se esforçaram em algumas cenas, mas mesmo assim às vezes chega a ser hilário. O maior destaque, na verdade, é o próprio David; que consegue transparecer paranóia e medo de uma maneira... sutil.

A trilha sonora é outro ponto forte do filme; arrepiante, chega a dar calafrios de tão intensa. Agora, o desfecho do filme é constrangedor. Não sei o que aconteceu com os diretores, mas cagaram nas cenas finais. Tinha tudo pra dar certo, mas acho que o roteirista largou as gravações e entregou na mão de algum americano que não sabe escrever direito. Sempre acontece. Mesmo assim, The possession of David O'Reilly (parece que mudaram o nome nos EUA e virou 'The tormented') consegue ser tenso e assustador. Uma boa dica de filme do gênero ja saturado.

sábado, 4 de dezembro de 2010

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Demônio



Um suspense barato, com um roteiro fraco e cenas que não assustam... Assim resume-se "Devil" do diretor John Erick Dowdle, escrito e produzido pelo "cara das bolas foras" M. Night Shyamalan.

A história é simples: Cinco pessoas ficam presas no elevador; uma delas é o diabo. Simples assim. Claro que o filme não fica só dentro do elevador: por fora, um detetive tenta relacionar esse acontecimento com um homicidio que aconteceu mais cedo, no mesmo prédio.

Mesmo com a trilha sonora incessante, "Demônio" não consegue criar uma cena boa de suspense, do tipo: "putz, nunca imaginei isso". E nem deve ser levado a sério, digo isso por um simples fato: um mexicano que trabalhava na segurança do hotel, começa a desconfiar que o diabo esta no prédio, e para defender sua teoria de que quando o chifrudo esta por perto, tudo tende a dar errado, ele pega uma torrada (com geléia ou não) e joga no chão. A torrada cai com a geléia pra cima: "Não disse! A torrada sempre cai com o recheio pra baixo". Essa é a explicação do cidadão...

Os atores, que até então eu desconhecia a maioria, não tem simpatia com a câmera. Parece que estão sendo forçados a fazer o filme. Em meia hora, você espera que o diabo apareça logo e leve todo mundo pros quintos.

Ja não era de se esperar muita coisa do filme, afinal, além do M. Night Shyamalan no roteiro (que ultimamente só vem soltando bombas), o diretor aqui é o mesmo que dirigiu a versão americana de Rec, "Quarentine". Isso mesmo, aquela versão medíocre do filme espanhol.

Qualquer um que esteja procurando um filme de terror pra assistir numa sexta-feira a noite, para sentir aquele frio na barriga, tomar aquele susto de tirar o fôlego... deve passar longe de Demônio.

Obs: Pela temática, o filme teria que causar uma sensação claustrofóbica no espectador nos oitenta minutos de projeção,mas não teve êxito.
Pra comparar, vou mostrar um curta antigo, do diretor do cubo, Vincenzo Natali. Em vinte minutos, ele consegue criar uma atmosfera paranóica e tensa, coisa que "Demônio" não conseguiu nem um pouco.





terça-feira, 30 de novembro de 2010

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Minhas mães e meu pai



Sem grandes expectativas, fui ver "Minhas mães e meu pai". Vi vários comentários, alguns positivos, alguns negativos, isso me deixou curioso, e só. A premissa do filme chama atenção, por se tratar de uma minoria injustiçada: os homossexuais. Trata-se de um casal de lésbicas que tem dois filhos, do mesmo doador de esperma. Dezoito anos depois, os filhos decidem conhecer seu gerador. E esse é o começo do filme.

Um filme desse gênero só podia dar certo com uma mulher na direção. Quem assume por aqui é a pouco conhecida, também roteirista, Lisa Cholodenko, que deixa a película neutra, assim como o doador de esperma, interpretado por Mark Ruffalo, que não mostra nada de diferente do que ele ja mostrou em outros filmes. Agora, as mães, interpretadas por Juliane Moore e Annete Benning, merecem uma salva de aplausos.

É dificil falar sobre "Minhas mães e meu pai", pois, mesmo sendo "diferente", se fossem usados casais tipicos (homem e mulher), a pelicula correria da mesma maneira. Acho que por isso o filme não tem tanto destaque, faltou alguma coisa. O mesmo acontece com o desfecho final do filme, que podia trazer alguns suspiros para a platéia, mas acaba caindo na mesmice de sempre.

"Minhas mães e meu pai" se mostra simples e correto, mas quando acaba, sentimos que faltou algo. Algo que podia ter feito toda a diferença, e talvez por isso, o filme acaba não sendo tão grande quanto deveria.

Destaque para a trilha sonora, composta por MGMT, Cansei de ser sexy, David Bowie e muitos outros.

domingo, 14 de novembro de 2010

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Comer, rezar, amar


.. mas o que eu fiz no cinema foi "comer, bocejar e dormir".

O filme é baseado na experiência de vida de Elizabeth Gilbert, que logo em seguida escreveu um livro que vendeu mais de 4 milhões de cópias. Conta do dia em que Lizz não se sente mais feliz, não consegue se "encontrar", então, logo após divorciar-se, sai viajando por um ano com destino à Itália, Índia e Indonésia.

Tudo bem, parece ser uma história legal para ser contada em um livro, mas passado para as telonas, ficou tão desnecessário quanto gravar um novo Batman em 3D. A narração do filme cansa, a trilha sonora, como meu amigo me disse em um momento do filme: "Que trilha sonora chata! Me dá sono." e eu respondi: "Não é só a trilha sonora que esta me fazendo dormir." e a Julia Roberts ta precisando de um descanso, por que olha, não gostei nada do que eu vi por parte dela. Certa hora até confundi com a Sandra Bullock, desde que as duas são atrizes, um tanto quanto regulares, não conseguem mudar de expressão de filme para filme; são sempre os mesmos rostos.

Paguei o ingresso por um nome: Javier Bardem; e para o meu desprazer, o ator só aparece nos últimos minutos de filme. A fase do "amar" foi tão curta que o ator não teve espaço para demonstrar muita coisa.

Outra coisa que me inquietou de verdade, talvez por eu ser um pessimista de carteirinha, foi o fato de todos que Lizz conhece serem pessoas simpáticas e sempre dispostas a ajuda-la. E todos falam inglês. Olha, vou perguntar: "Pra que mundo você viajou? Por que né..."

Assumo que em certas partes do filme eu dei aquela risada breve, tão breve que os músculos faciais quase não se mexiam. Então eu tive que aguentar duas horas na cadeira, quase morrendo de tédio. E o que me perturbou, foi meu amigo dizendo: "Esse filme só serve para mulheres!" e logo em seguida, percebi que todas as mulheres, na saída do cinema, faziam comentários maravilhosos, como se o filme fosse uma obra de arte. Vou dizer pra vocês: não é uma obra de arte, e esta a quilômetros de ser. Então, para os mais críticos do gênero, passem longe.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

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Scott Pilgrim contra o mundo

(Scott Pilgrim VS the world, 2010)



Até esses dias, Kick-ass e Machete eram os filmes mais divertidos do ano, pra mim. Depois de ver Scott Pilgrim, percebi que estava errado, e esse sim, é o filme mais divertido e engraçado do ano. E vai ser difícil lançar algum que tire ele dessa posição.

A história, adaptada do HQ escrito por Bryan Lee O'Malley, narra a vida de Scott Pilgrim, que toca baixo em uma banda chamada Sex bob-omb, totalmente sustentado pelo seu amigo gay (qual até dividem a mesma cama) e mora em Toronto. Scott logo se apaixona pela garota mais "descolada" que acaba de se mudar pra cidade, Ramona. O que Scott não sabe é que pra ficar com a garota, ele vai ter que enfrentar os sete maléficos ex-namorados de Ramona.

Pra quem não viu a Hq, como eu, vai achar, pela sinopse, que não passa de mais um filme direcionado pro publico adolescente atual. Mas é bem diferente disso. Scott Pilgrim vai alegrar não só o publico adolescente, mas os geeks (que provavelmente já conheçam algo sobre a adaptação), principalmente, por suas referências aos quadrinhos e games.

As referências são visiveis, como quando Scott disputa com um ex-namorado, aparece um VS, indicando o combate; ou até mesmo a derrota de um ex-namorado, que logo se transforma em moedas. Até as musiquinhas que tocam no Zelda, quando Link encontra itens ou baus, tocam no filme; maravilhoso.

A edição é miraculosa. Uma das mais perfeitas que eu vi esse ano. As cenas de batalha, os cortes rápidos e alguns outros fatores, fazem do filme a adaptação mais divertida ja criada. O diretor de Scott Pilgrim é Edgar Wright ( o mesmo que dirigiu "Hot fuzz", "Shaun of the dead" e o fake trailer "Don't", que passa no projeto "Grindhouse" de Tarantino e Rodriguez.), o que explica muita coisa.

Michael Cera que estava muito bem em "Superbad" e "Juno", convence bastante como Scott Pilgrim, tambem. Não só Michael Cera como os outros personagens. É dificil não criar simpatia com a "Sex bob-bomb" ou com o amigo gay de Scott, interpretado por Kieran Culkin, que rouba a cena várias vezes.

Quando a projeção do filme inicia, a sensação que temos é de ter ligado um nintendo, e isso fica claro assim que o logo da Universal aparece em 8 bits. Depois disso, as referências aos jogos antigos são muitas, mesmo.

Para os geeks que ainda jogam Zelda, Super Mario, arcades e sabem que o símbolo "X" no braço de Scott é o mesmo do X-men, Scott Pilgrim pode entreter demais. Agora se você é dessa galerinha nova que acha pac-man uma perda de tempo, Far cry o melhor jogo já criado e pensa que Ben 10 é a maior curtição, acho melhor nem passar perto de Scott Pìlgrim, pois não vai entender metade das referências que o filme faz.

Obs: Só não entendo o por que de Scott Pilgrim não ter feito tanto sucesso quanto merecia, em sua estréia.

domingo, 17 de outubro de 2010

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Irreversível

(Irreversible, 2002)



São poucos os filmes que fazem nos sentirmos estranhos, como se levassemos um soco no estômago. As maiores experiências desse tipo, são com o cinema marginal. A crueza que os fatos são retratados por esse cinema são muito realistas, colocando o telespectador dentro do filme, para sentir as dores dos personagens. Gaspar Noé sabe muito bem nos proporcionar essa mistura de sentimentos.

Pra começar, Noé é um diretor ousado. Quem mais teria coragem de fazer um filme ao contrário, do final pro começo? E quando eu digo do final pro começo, é no pé da letra. As primeiras imagens, são os créditos, e logo depois, o final do filme. E a trama vai mostrando as caras assim, como eu disse: do final pro começo.

A história, confusa no inicio, começa a tomar forma depois de meia hora de projeção. Antes disso, nada é explicito. As imagens que seguem não fazem sentido, mas com o passar do tempo, as peças da trama se encaixam. Resumindo a sinopse: Marcus e Pierre vão atrás do cara que violentou Alex, mulher de Marcus. A trama parece ser simples, mas não é. Vai além disso.

São poucas as palavras que podem ser usadas para resumir esse filme, mas uma delas é: Maldito. Umas duas cenas nunca mais sairão da sua cabeça. A tão comentada cena do estupro é uma delas. Uma sequência longa e sem cortes de uma das piores cenas que eu ja vi na vida. Não imagino o que uma mulher deve sentir vendo essa cena, desde que sou homem, mas mesmo assim senti o sofrimento da linda "Monica Belluci".

A câmera de Noé pode ser incômoda no começo, desde que não fixa rosto em diálogos, move-se freneticamente pelas cenas que decorrem e o pior de todos é que ela gira constantemente, mas logo, acostuma. E nas mãos do gênio, isso acaba se tornando um fator positivo e algo macabro que brinca com o telespectador. Em certas cenas de impacto, dando o exemplo do estupro de novo, a câmera fica quase que imóvel, causando espanto no espectador, que espera ansioso a câmera começar a girar e a cena novamente mudar. A título de curiosidade: a edição do filme, como em "Sozinho contra todos", é perfeita. 

Gaspar Noé transmitiu para as telonas um filme necessário para a história do cinema; Um filme que retrata um  dos maiores medos que a mulher de hoje em dia sente. E despido do politicamente correto, ele apresenta uma película completamente cruel, assustadora e genial.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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Monstros

(Monsters, 2010)



Gareth Edwards, que ja trabalhava com efeitos especiais para documentários, agora estréia com seu primeiro longa, tendo o mesmo escrito o roteiro, dirigido e trabalhado nos efeitos especiais (no porão de sua casa). Tudo isso com meros 500 mil dólares. Muitas pessoas comparando com Distrito 9 e Cloverfield, mas será?

Em Monstros, uma sonda espacial da NASA detecta vida fora do Planeta Terra e, seis anos antes o filme ter inicio, a mesma sonda caiu no México, trazendo amostras da vida extraterrestre, que logo se tornariam enormes criaturas (dai nasceu a associação com Cloverfield). Dividindo, assim, o México em duas partes, sendo uma chamada de "Área infectada". 

O filme todo se passa, praticamente, no México, um país do terceiro mundo (dai nasceu a associação com Distrito 9), mostrando a destruição e o holocausto que iniciou-se seis anos antes, quando as criaturas aterrissaram; O modo como a cultura mexicana se adaptou as criaturas, a forma como a invasão foi tratada pelos Estados Unidos, que logo criaram muros enormes em volta das fronteiras com o México, para manter as criaturas afastadas.

Por trás disso começa a trama do filme: Um repórter precisa resgatar a filha do seu chefe, Sam, que por acaso estava do outro lado do muro. A travessia, se torna toda uma desgraça, acontecendo todo tipo de coisa que é possivel de imaginar em filmes desse gênero. A câmera trêmula da um tom de documentário, o que ajuda seguir desenvolvendo a trama, que mostra desde o inicio não querer fazer um "novo filme de terror do ano" e sim mostrar o impacto e ações que os estados tomariam, contra a invasão. Ou talvez Gareth queria fazer um filme de terror, mas não teve dinheiro o suficiente para bancar todas as cenas. Mas ainda fico com a opção A.

Na minha sincera opinião, sem desmerecer o filme, Monstros não é nenhuma obra de arte. Passa muito longe disso, mas vale reconhecimento. Afinal, não é todo dia que vemos uma pessoa fazer o que Gareth fez com meros 500 mil dólares. Ainda mais no que se diz um filme Alienígena. 

Os monstros do título, na verdade, são coadjuvantes, eles estão implícitos a maior parte da película, ou mostrados no escuro, como vultos. O que da uma idéia de que Gareth não quis fazer um filme de criaturas gigantes convencional. Sem a ação dominante de ataques dos alienígenas, seguimos a caminhada do repórter e da filha do seu chefe, pela destruição, até a fronteira.

O trailer do filme engana: A tensão de Cloverfield e a ação de Distrito 9 não estão presentes em Monstros. Mas afinal, essa história de que filmes com criaturas gigantes precisam de ação para sustentar a trama é um puta clichê americano. E acho que nessa parte do show entra Monstros: quebrar a cara dos americanizados de plantão e mostrar um filme com seres grotescos de enormes, sem ação. Pela iniciativa do diretor amador, vale muito a pena pagar o ingresso.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

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Machete


Em 2007, Quentin Tarantino e Robert Rodriguez fizeram um projeto chamado Grindhouse, com o propósito de relembrar das grindhouses, locais onde passavam dois filmes juntos, pelo preço de um único ingresso. Filmes exploitation, filmes b, trashs eram as atrações principais. Como uma homenagem ao cinema sessentista/setentista desse gênero, Rodriguez fez sua parte com Planeta Terror e Tarantino com À prova de morte (que demorou longos três anos para ser lançado no Brasil). No intervalo desses filmes, passavam trailers fictícios, e foi assim que nasceu Machete.

Rodriguez é uma diretor bipolar. Com intervalo de dois anos, ele lançou Planeta terror e A pedra mágica. Vocês podem imaginar? O por que disso, eu já não sei. O que eu sei, é: quando Rodriguez decide fazer o certo, ele realmente volta às origens, fazendo jus aos filmes que o consagraram (Um drink no inferno, Era uma vez no méxico).

Em Machete, ele abusa tanto de situações clichês e personagens estereotipado intencionais, que o filme acaba se tornando a maior diversão do ano, talvez. O filme acontece logo após que Machete começa a ser perseguido pelo chefão do tráfico mexicano, interpretado por Steven Seagal. Seu refugio é o Texas, e a trama realmente começa quando Machete aceita um serviço de um tal "Michael Booth": Assassinar o senador       McLaughlin. Mas quando Machete vai por o plano em ação, descobre que tudo não passa de uma armadilha, e logo após, Machete quer vingança.

No filme você vai encontrar muito sangue, situações cômicas, enfermeiras com metralhadoras, Lindsay Lohan vestida de freira (que por motivos inexplicáveis, eu confundi com a Scarlett Johansson), Michele Rodriguez "caolha", Robert DeNiro vestido de mexicano e muitas outras coisas que você nunca imaginou presenciar.

Para dar suporte aos diálogos cômicos, falas como "Deus tem piedade. Eu não" ou "Nós não cruzamos a fronteira. A fronteira nos cruzou". Tudo isso sem perder o ritmo do roteiro, que segue, sanguinolento, até o final.

Robert Rodriguez transformou aquele trailer falso de Machete em um filme grande, que deixa "Os mercenarios" do Stallone no chão, chorando como uma criança manhosa. O verdadeiro significado de "Cinema pra macho".

domingo, 3 de outubro de 2010

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Resident evil: Afterlife



Resident evil, pra mim, foi a melhor sequência de jogos de terror que ja inventaram. Passava horas a fio jogando, quando criança, e até hoje em dia, quando da saudades, ligo o console e vou fugir de alguns zumbis. Mas até que, em 2002, algo novo surge na minha frente: Um cartaz enorme anunciando "resident evil: o hóspede maldito" como próxima sessão de cinema. Fiquei louco de curiosidade, mas logo ela passou e deu lugar ao desgosto. Mesmo naquela época não sabendo direito o que realmente "significava" cinema, sabia que esse filme era uma bomba.

Eu via personagens que não estavam no jogo; uma história bem diferente da apresentada no jogo e Alice: "Mas que merda é Alice?". Mas Paul W.S. Anderson não tinha feito tanta coisa errada assim; digo até que o primeiro Resident evil foi algo... legal. Assim foi com o segundo, e no terceiro já não sabia mais o por que da franquia chamar Resident Evil.

Agora estamos no quarto filme da série: Afterlife. O filme ja começa muito viajado, com boas sequências de ação, mas só isso, desde que não há roteiro que salve Resident evil do fracasso. A ponta de esperança que eu tinha, já que o diretor era o mesmo do primeiro, era quase nula, e depois de longas cenas em "slow motion" (por causa do 3-D), ela desapareceu. Mas não vou criticar o fator 3-D do filme, pois parece que foi bem utilizado; Exagerado, as vezes, mas o público deve ter pago justamente por isso: um machado-amaciador gigante de carne voando em direção da tela.

Uma coisa que me intriga é a infidelidade da sequência cinematografica com a franquia de jogos: parece que não querem seguir fiéis em nada, com a história do jogo. Personagens importantes desde o primeiro jogo da franquia, aparecem por aqui, totalmente "fúteis", assim dizendo: Wesker, Chris... Não espero que quem só veja os filmes, entenda a importância desses personagens na trama.

E nesse quarto, se você achou Nemesis um personagem forçado (acredite, ele realmente existe nos jogos), você vai ficar constrangido com os "novos" que criaram. Agora temos zumbis, que mais parecem vampiros do blade: eles abrem a "boquinha" e sai aqueles trezentos dentes; temos cachorrinhos que, por acaso, abrem no meio e viram uma boca gigante (isso não existe no jogo, e nem em qualquer tosquice que ja inventaram) e até mesmo um personagem que parece ter saido de outro jogo: como eu ja disse, com um meio machado, meio amaciador de carne gigante.

Como fã em potencial dos jogos da série Resident evil, sou suspeito em criticar a sequência cinematográfica. Mas creio que uma franquia de jogos, pode se dar bem no mundo do cinema, como aconteceu com Silent Hill: tirando alguns detalhes, o filme foi muito fiel a história do primeiro jogo, que saiu para playstation.

Agora se você é, assim como eu, fã dos jogos e tinha uma ponta de esperança nesse último, recomendo ficar em casa e assistir outra coisa: Resident evil: degeneration. Que é um filme animado da capcom , todo fiel a história dos jogos. Vale muito a pena conferir.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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Eles vivem

(They live, 1988)


Não sou nada fã de óculos escuros, mas certo dia entrei em uma loja, justamente para experimentar um que tinha visto em um anuncio, que me chamou muita atenção. Olhei no espelho para ver como fiquei e lembrei de "Eles vivem", filme do John Carpenter que eu nunca havia assistido.

Com baixo orçamento, John Carpenter cria um mundo onde seres alienígenas camuflados de humanos, dominam a mídia e caminham na multidão, sem ninguém ao menos desconfiar. Por acaso, John, um trabalhador que acabou de chegar da cidade, descobre, depois de um tumulto envolvendo a policia, óculos escuros nada convencionais. Esses, exclusivamente esses, podem ver os seres por trás da pele de humanos, além de ver as mensagens subliminares em jornais, anúncios de produtos, revistas etc.

Com diálogos bem engraçados e tosquices propositais de ritmo frenético, o filme se alastra, bem divertido, por acaso. Fiel ao cinema trash dos anos 80 e ao estilo do diretor, que mais uma vez traz um anti-herói para as telas, que assim que descobre toda essa conspiração alienígena, empunha uma doze e sai atacando os "visitantes".

O filme todo pode ser entendido como uma critica a sociedade moderna-capitalista em que vivemos, onde o dinheiro manda em tudo e todos. O que é muito interessante, por que "Eles vivem", mesmo sendo um filme trash, causou tanto impacto quanto outras grandes produções que tentaram abusar do mesmo tema, de maneira mais "realista". Outros podem entende-lo como apenas mais um filme sobre invasão extraterrestre.

Um filme B bem filmado pelo mestre criador de Halloween, com caminhos para interpretações diferentes, mostrando que o cinema trash, além de divertido, pode ser profundo. Salve, John Carpenter.

Só pra constar: eu não comprei os óculos escuros e nem sai atirando na vendedora, que persistente, me puxava com todas forças para o lado consumista-desnecessário.

sábado, 25 de setembro de 2010

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O banheiro do papa

(El banõ del papa, 2007)



Com uma fotografia crua, somos levados à uma cidadezinha uruguaia, que faz divisa com o Brasil, se preparando para a chegada do papa João Paulo II. O mês é maio; o ano, 1988. Com a expectativa em alta, os habitantes da cidade pensam que a visita do papa ia gerar um acumulo de visitantes (eram estimados, uns diziam 30 mil, outros diziam 60 mil), vindo de outras cidade, até mesmo vindo do Brasil. Com isso, eles fazem dividas com o banco, no intuito de abrir negócios de comida, para alimentar os visitantes. O que acontece é que, no máximo do máximo, somente 8 mil pessoas compareceram à visita do papa.

Bom, teoricamente, é sobre esse fato real que fala O banheiro do papa.

Beto é um pai de familia, que vive do contrabando para sustentar sua familia. Em cima de sua bicicleta e com companhia de um ou dois amigos, passa a fronteira para pegar mercadoria do Brasil para um comerciante de sua cidade. Depois de muitos acontecimentos negativos em sua "carreira", Beto tem uma idéia de como ganhar dinheiro em cima da visita do papa: ele vai abrir um banheiro. A premissa básica é óbvia: com tantas barracas de comida, o povo ia precisar fazer suas necessidades.

O filme, uma tragicomédia, mais tragi do que comédia, trabalha muito bem os dois lados da trama. Mostra um lado cômico onde é difícil de imaginar que exista, mas que logo some e da espaço para uma maré constante de azar que desaba, tanto em Beto quanto sobre a população de Melo.

Mas por trás de tanta tristeza e falta de dinheiro, vemos uma história sobre sonhos e otimismo, que possivelmente, possa arrancar algumas lágrimas dos mais sensíveis de coração.

Minha cara, depois desse filme, caiu. Eu tinha um pouco de receio em assistir, afinal é um filme do Uruguai. Mas não me dei conta que o mesmo aconteceu com "La teta assustada", que é um grande filme do Peru. É o cinema latino-americano ganhando espaço e reconhecimento (talvez não tanto quanto mereça).

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

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Homem elefante

(Elephant man, 1980)



Baseado na história real de Joseph Merrick, um cidadão inglês que ficou conhecido como homem elefante, devido vários tumores e deformidade espalhados pelo corpo, causados por uma doença: elefantíase. Era forçado a trabalhar em um circo, onde o tratavam como uma criatura bizarra e lucrativa. Depois que o doutor Frederick vê seu estado, decide o ajudar.

Para surtir mais efeito, o legal é conhecer a história injusta por trás do filme, primeiro. 

Acho que se esse filme fosse dirigido por outra pessoa, não daria tão certo. Nas mãos do cultuado David Lynch, só podemos classificá-lo como obra prima. Lynch consegue associar sentimentos perturbadores, tristes e chocantes, em quase duas horas de projeção do longa, com Anthony Hopkins muito bem, e o incrível John Hurt encarnado no Homem elefante. O roteiro do filme foi baseado nos escritos do doutor Frederick sobre o homem elefante. Devido a uma confusão (que não sei explicar direito) é notável ver a troca de nome do personagem no filme: John Merrick.

A fotografia em preto e branco gera um sentimento mais profundo, de angústia. Lynch nos coloca dentro do filme, lado a lado, sem ação, com o sofrimento do homem elefante. E depois disso, a tristeza é redundante (Precisei de uma hora e muitos cigarros, só pra tirar o nervoso que o filme causou, da cabeça). Como em Eraserhead, Cidade dos sonhos e outras obras do Lynch, os personagens nesse aqui, sem contar o homem elefante, são de aspecto bizarro; mas por final, os personagens que não causam uma primeira "boa impressão", são os mais gentis e que geram mais simpatia.

Uma ótima cinebiografia de uma história de injustiça e esperança. Triste e profundo, Homem elefante vai te colocar ao lado da escória da humanidade.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

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Coco antes de Chanel

(Coco avant Chanel, 2009)


Quem diabos foi "Coco Chanel"? Aposto que muitos perguntaram isso, antes de ver o filme. Os mais curiosos no assunto moda, devem sabem. Já eu, leigo no mundo da moda, não sabia ao certo quem era, até assistir o filme. Gabrielle Chanel foi uma estilista famosa, que inovou com modelos femininos baseados em vestuário masculino.

A história, como o título sugere, é contada antes dela ser conhecida como a grande estilista Chanel; lá atrás, quando era apenas conhecida como "coco", apelido dado pelo pai. Antes de ser famosa, cantava em cabarés, ao lado da irmã, lugar onde conheceu Étienne Balsan, qual mais tarde iria morar junto, para estabelecer vínculos com a sociedade parisiense; Por intermédio desse, conhece seu grande amor, Boy Capel.

Coco era uma mulher que explorava a beleza sutil, o simplório, o necessário; foi a mão que soube criar, num universo onde cores berrantes e extravagantes, vestuários magníficos com o simples preto básico. Uma mulher de pouco amor, séria, objetiva; bem interpretada por Audrey Tautou, a eterna Amelie Poulain.

O filme é uma pequena biografia sobre o começo da carreira de Coco, então não espere muito que isso; um bom filme e só. Uma pequena palinha da história dessa grande mulher que revolucionou o conceito de moda politicamente correta quebrando algumas barreiras machistas.

domingo, 12 de setembro de 2010

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Possessão

(Possession, 1981)



Vi "Anticristo", do Lars Von Trier, ano passado. Pensei que, talvez, nunca mais fosse encontrar algo tão perturbador. Então que acho "Possessão", do Andrzej Zulawski. A sensação que eu senti vendo o filme, foi a mesma de quando assisti Anticristo. Confusão e caos reinam sobre minha cabeça. Prepare-se para algo perturbador de verdade.

Aqui, também, temos um casal em crise. Assim que Mark chega de viagem, abraça a esposa (Ana) e sente que ela não o ama mais. Do começo em diante, o terror começa. Começa de maneira bizarra; De maneira simbólica, com duplo sentido em todos atos, o filme se alastra. A dor da separação e o amor obsessivo, causam transtorno em ambos os personagens, inibindo-os de qualquer sensação de felicidade.

Quando Mark descobre que Ana tem um amante, ele surta. Mas como ainda a ama, tenta de todas as maneiras faze-la voltar pra casa; até usando do filho do casal como pretexto para ela ficar. A dor que Mark sente é tanta, que a falta da esposa o causa abstinência.

Possessão não deve ser levado ao pé da letra. Muitas pessoas reclamam do filme por que pensaram que, pelo nome, seria um filme demoníaco, estilo O exorcista. No caso, a personagem principal esta possuída: pelo demônio da culpa. E o marido também, devido ao longo tempo que passava, a trabalho, fora de casa, deixando sua familia em segundo caso. Vendo a instabilidade que causou a sua família, Ana pira. Fica possessa de culpa, maquiavélica, sedenta por sangue.

Atuações magnificas; todo o sentimento de raiva, ódio e qualquer outro sentimento pessimista que o ser humano remói, no filme é mostrado intensamente, sem cortes (só na versão americana rs). Dou ênfase na cena do metrô, em que a personagem tem surtos psicológicos constantes, por uns dois ou três minutos. Terrível; genial.

Com um clima pesado, um desenrolar amargurado e sanguinário, "Possessão" percorre as duas horas de filme com muito conteúdo e simbolismo. Pior que acordar do pesadelo que foi assistir "Eraserhead" do David Lynch, é acordar de "Possessão" é saber que algumas das imagens nunca mais sairão de sua cabeça. Como em "Anticristo".

Obs: Agora eu sei de onde a Charlotte Gainsbourg tirou inspiração para interpretar sua personagem, na obra de Lars Von Trier. Essa inspiração se chama Isabelle Adjani .


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

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A liberdade é azul

(Trois couleurs: Bleu, 1993)



Mas afinal, o que é liberdade? E por que usar azul para representá-la?
No dicionário, provavelmente, estará:  fazer o que quiser; não estar preso; ou até mesmo, ser livre.

Logo após o acidente que tira a vida de seu marido e filha, Julie decide apagar toda e qualquer lembrança de sua antiga familia. Ela decide então, recomeçar sua vida desvinculada de bens materias, e sem se envolver sentimentalmente. Sua nova vida é triste, vazia, livre. Não abusando do melodrama clichê de sempre, Kieślowski, com maestria, mostra um tipo de liberdade forçada, egoísta, com uma personagem que sem coragem de se suicidar com remédios ou qualquer outro tipo de artifício, decide por sentar e esperar pela morte.

O azul...azul do mar, azul do céu... Azul também representa tristeza, melancolia, solidão. As vezes, Julie passa horas à fio numa enorme piscina, com o pesado sentimento em suas costas (sem melodrama). O azul está em toda parte, em todos os personagens, em todos detalhes; cor que foi colocada ali para representar a tristeza de Julie, já que ela não se expressa, e mal consegue chorar. Tanto que em uma bela cena, a criada esta chorando em um canto da casa. Julie pergunta o por que dela estar chorando, e a mesma a surpreende dizendo: eu choro por que você não chora!

A liberdade é azul; esse tipo de liberdade é azul. Esse sentimento de estar livre de família, de poder caminhar sem preocupações, de não ter horário pra ir embora. Uma liberdade sofrida; por isso, uma liberdade azul.






terça-feira, 7 de setembro de 2010

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Triangle

(Triangle, 2009)



Assim, do nada, eu achei a sinopse de Triangle; falava sobre Jess (Melissa George), garçonete, mãe de um filho autista, que decidi velejar com uns amigos. Uma mudança brusca no tempo, faz com que o iate vire e o grupo fique preso no mar. Quando avistam um barco, o começo do pesadelo começa. O barco não tem ninguém a bordo, Jess começa a ter a sensação de conhecer o navio e (pra ajudar) um assassino que, rapidamente, mata todos, só deixando Jess viva.

A trama parecia ser chata, mas algo me fez baixa-lo. Sem arrependimentos. O filme é muito mindfuck; nonsense. Todo o filme roda em torno de Melissa George, que carrega o filme nas costas atuando perfeitamente.

O roteirista liga passado, presente e futuro quadro-a-quadro e em vários ângulos. As cenas do filme são vividas várias vezes, mas sem chances de enjôo, desde que cada tomada é uma peça do puzzle, de algo que aconteceu ou esta para acontecer. Diferente do título, Triangle é na verdade um círculo: uma constante que não da pra fugir, onde todas as tentativas que Jess toma, já foram tomadas. Isso que causa a maior angústia no telespectador.

Fotografia correta e trilha sonora frequente: o filme não para um segundo, causando pânico, inquietação, desejo de descobrir o por que isso ou aquilo aconteceu, acontecerá, esta acontecendo. Algo assim: confuso.
O roteiro não é sensacional ou merecedor de oscar, mas mostra a capacidade do roteirista Christopher smith em brincar com a estória e com o público. Só uma observação: o mais atento vai decifrar a trama logo na metade, desde que a explicação esta, praticamente, exposta para o telespectador.


Um bom suspense psicológico, hoje em dia, não é fácil de encontrar, e Triangle é uma boa pedida. Não digo que o mesmo esteja no nível de Ilha do medo ou Tale of the two sisters, mas vale muito a pena conferir. E viva a geração nonsense!







Teoria do autor (SPOILERS PERIGOSOS)


Como um filme nonsense, há algo mais gostoso do que expressar as teorias mirabolantes sobre a idéia do filme?
Então vamos lá.
Por fim, a trama toda foi explicada logo no começo, antes mesmo dos fatos se tornarem "concretos", quando a amiga do Greg explica a gravura que estava em uma das paredes do navio, falando sobre Aeolus, Deus do vento, na mitologia grega. Com base na historinha do cara que, punido por tentar enganar a morte, subia um barranco carregando uma pedra pesada e lá no topo a jogava, e repetia isso inúmeras vezes, só para ve-la cair novamente.
Dito isso, a explicação do filme: Jess, que no começo do filme se mostrava uma mãe boa, na verdade era rígida e dura com o filho autista, acaba sofrendo um acidente fatal, onde ela e o filho morrem. Angustiada, pega "carona" com a morte e pede para deixa-la no porto. Chegando lá, ela promete para morte que voltaria, mas não volta. Dessa parte em diante, a punição de Aeolus surte efeito, e a faz vivenciar a chacina no barco várias vezes, por vários ângulos, sem chance de escape.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

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...And they lived happily ever after

(Ils se marièrent et eurent beaucoup d'enfant, 2004) 



Ahh, querida Charlotte Gainsbourg, esplêndida e radiante.

Mais um filme drama/romance que não consegue explicar os dilemas que o amor apresenta. Por que uns amam à uma única pessoa e por que outros conseguem amar várias? Por que os que amam somente uma pessoa querem ser igual ao que ama várias? E por que o que ama varias quer ser o que ama apenas uma?

A diferença é que esse não é SÓ mais um filme com esse tema: sem grandes pretensões, mas profundo e longe de ser um filme fútil. Uma edição miraculosa, um roteiro sem deslizes, com um toque peculiar de humor, banhado por uma trilha sonora "so fucking good".


Radiohead - Creep (quer mais?)


terça-feira, 10 de agosto de 2010

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Ondas do destino

(Breaking the waves, 1996)



Milagres existem? E Deus?
Perguntas que não terão respostas, somente mais perguntas, quando analisadas por "Ondas do destino". O filme cria dilemas científicos e religiosos, utilizando a personagem principal como "cobaia".

A história gira em torno de uma mulher, deixando claro logo no começo do filme, que sofre algum tipo de deficiência mental, ela que pretende se casar com alguem de fora de seu vilarejo, constituidos por religiosos e machistas, assim dizendo. Depois de casada, seu marido volta para a plataforma de petróleo, e sofre um acidente que o deixa paralisado do pescoço para baixo. Então, o mesmo pede um favor para sua amada: sair com mais homens e contar-lhe como que foi, para se sentir ativo.

Bess, a carnificação de Maria Madalena: depois de muito choro e euforia, Bess tenta com todas as forças cumprir o desejo do marido, colocando-a assim contra seus principios morais e religiosos, de certo e errado, perante as leis da igreja. Assimila-se a história de Bess com Maria Madalena, pelo fato de ambas sofrerem injustiças de homens que pensam poder julga-las em nome de Deus.

Deus, correto ou não, e os homens: Inerente à Bess, quando a mesma começa a conversar com o "todo poderoso", ele a responde, porém, com Bess fazendo e narrando a voz de Deus. Um Deus cruel e miraculoso ao mesmo tempo, que atende desejos mas sempre leva algo em troca.
Sem concretizar uma critica destrutiva sobre a igreja, Lars Von Trier analisa de perto as rígidas decisões tomada pela igreja contra uma "pecadora" e sua punição. Homens que julgam quem vai para o inferno ou não, sem compaixão, piedade ou perdão.

Igreja medieval e os milagres divinos:  uma igreja onde as mulheres não tem o poder da palavra, do expressionismo. Uma igreja onde a palavra é seguida ao pé da letra e onde não há espaço para perdoar o pecado e as transgressões religiosas; Um vilarejo onde renasce com os principios medievais, sem chance de redenção.
E os milagres, existem ou não? A dúvida maior do filme são os pedidos de Bess "atendidos" por Deus, mas que sempre deixam sequelas. O questionamento decorrente do filme, que transforma Deus em um vilão, contra os pedidos tristes e amargurados da Maria Madalena moderna.

Um filme injusto sobre um tema polêmico, dirigido com destreza e seriedade por quem realmente entende de cinema; Lars Von Trier.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

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Taxidermia

(Taxidermia, 2006)


Peço à todas as crianças, pessoas hipertensas e de estômago fraco para clicarem em fechar essa página.

 Baseado em histórias do autor Lajos Parti Nagy, o roteiro desse filme não é nada simples; desde à sua narrativa que percorre três gerações sanguinias (avô, pai e filho) até suas secas e grotescas imagens, que variam de vômitos, competições alimenticias e... ejaculação de fogo. 

A Primeira história acontece na primeira guerra mundial, com um recruta que mais parece faxineiro, sofrendo abuso de um tenente. À noite, alimenta seu anseio sexual se masturbando com as imagens das filhas e mulher do tenente por um buraco que dá no banheiro.
A segunda história é sobre Kelman, filho de Morosgoványi, que nasce com um rabo de porco. Quando cresce vira um "atleta alimentar", que compete em festivais de quem come mais sopa, ou biscoitou, ou bolo... É apaixonado por uma mulher, tambem atleta alimentar, qual gera seu filho, a terceira geração da história.
A terceira parte, é quando o título faz efeito no longa. Conta a história do filho de Kelman, que trabalha empalhando animais, domésticos ou não; cuida de seu pai, que de tão obeso não consegue levantar da cadeira, e de três gatos enormes (realmente enormes).

A três história são ligadas, além da conexão de sangue, pelo culto ao corpo, de forma diferente. O soldado que se masturba frequentemente, com o sonho de um dia ejacular fogo; o "atleta" que leva seu peso e capacidade de comer kilos, como um troféu; e por último, o taxidermista, que para se tornar eterno, se auto-empalha, se transformando numa amostra carnal de uma estátua com referências à estatua de Michelangelo.

O estilo de taxidermia, já faz do diretor György Pálfi, um cineasta único. Com imagens grotescas, beirando o ridiculo, ele consegue ao mesmo tempo mostrar de forma visualmente poética, a natureza cruel do ser humano, transcorrendo surrealismo com fatos históricos.

Com toques de humor negro e terror psicológico, mesmo sendo de dificil digestão, o filme é um relógio hipnótico: você (mesmo depois da cena de sexo com a leitoa; ou os jatos de vômitos) não vai conseguir desgrudar os olhos da tela.

 A edição, fotografia e direção de arte é um fator positivo, manejados por mãos que sabem fazer magia. Mãos que transformam carne e sangue, em algo belo.Tudo seguido por uma trilha sonora cativante de Amon Tobim, que por curiosidade é nascido no Rio de Janeiro.

Longe da primeira impressão do filme, Taxidermia é algo inusitado, intelectual e anexo de uma complexidade fantastica, principalmente a última história, a mais perturbadora, na minha opnião. As três histórias contadas no filme, vão se hospedar em tua mente, e vai ser dificil despeja-las.



sábado, 7 de agosto de 2010

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Uma relação pornográfica

(Une liaison pornographique, 1999)


Ahh o cinema francês; cinema qual me encanta com seus diálogos e situações poéticas.

Diferente do título, "uma relação pornográfica" não tem nada de pornográfico. Bom, nada explicito e "escancarado", assim dizendo. O filme se constrói em torno do que parece ser um documentário, entrevistando uma mulher e um homem, em lugares diferentes. Eles contam para o entrevistador como que foi a experiência de nutrir um relacionamento por um anúncio em uma revista.

Com uma direção madura, o filme vai crescendo, não nos cenários ou situações, mas sim nos diálogos. O filme todo é passado em dois lugares: onde eles se encontram, uma espécie de bar; e outra num quarto de hotel, onde fazem amor todas quintas e sábados (se não me engano). Com o passar do tempo, os sentimentos de ambos vai mudando e o que era pra ser somente um relacionamento sexual, acaba se tornando mais forte.

Essa transição de emoções nos coloca perante duas pessoas que com o tempo, se apaixonaram. E dae em diante aparece o vilão da história toda: o amor. O medo de construir alguma coisa séria, derrama várias lágrimas dos personagens, que sucessivamente discutem e ameaçam romper relações.

O amor, como em vários filmes, é um sentimento forte e confuso, nesse filme também. Digo por uma cena, que mexe com os personagens: Um velho sofre um ataque cardiaco e morre. Ele pede para não chamar sua esposa, mas o hospital, seguindo as normas politicamente corretas, chama-a assim mesmo. Assim que a velha chega, ela começa a contar a história do velho, falando que ele a traia e tudo mais, e mesmo assim, ela o amava. Por fim, ela diz que vai cometer suicidio.

Sem melodrama ou romance forçado, "uma relação pornográfica" se mantem firme e forte, por seus 80 minutos de filme. Além de ser um prato cheio para os cinéfilos que apreciam um bom filme francês, agrada também aqueles que gostam de uma boa e construtiva conversa entre "marido e mulher".