domingo, 17 de outubro de 2010

Irreversível

(Irreversible, 2002)



São poucos os filmes que fazem nos sentirmos estranhos, como se levassemos um soco no estômago. As maiores experiências desse tipo, são com o cinema marginal. A crueza que os fatos são retratados por esse cinema são muito realistas, colocando o telespectador dentro do filme, para sentir as dores dos personagens. Gaspar Noé sabe muito bem nos proporcionar essa mistura de sentimentos.

Pra começar, Noé é um diretor ousado. Quem mais teria coragem de fazer um filme ao contrário, do final pro começo? E quando eu digo do final pro começo, é no pé da letra. As primeiras imagens, são os créditos, e logo depois, o final do filme. E a trama vai mostrando as caras assim, como eu disse: do final pro começo.

A história, confusa no inicio, começa a tomar forma depois de meia hora de projeção. Antes disso, nada é explicito. As imagens que seguem não fazem sentido, mas com o passar do tempo, as peças da trama se encaixam. Resumindo a sinopse: Marcus e Pierre vão atrás do cara que violentou Alex, mulher de Marcus. A trama parece ser simples, mas não é. Vai além disso.

São poucas as palavras que podem ser usadas para resumir esse filme, mas uma delas é: Maldito. Umas duas cenas nunca mais sairão da sua cabeça. A tão comentada cena do estupro é uma delas. Uma sequência longa e sem cortes de uma das piores cenas que eu ja vi na vida. Não imagino o que uma mulher deve sentir vendo essa cena, desde que sou homem, mas mesmo assim senti o sofrimento da linda "Monica Belluci".

A câmera de Noé pode ser incômoda no começo, desde que não fixa rosto em diálogos, move-se freneticamente pelas cenas que decorrem e o pior de todos é que ela gira constantemente, mas logo, acostuma. E nas mãos do gênio, isso acaba se tornando um fator positivo e algo macabro que brinca com o telespectador. Em certas cenas de impacto, dando o exemplo do estupro de novo, a câmera fica quase que imóvel, causando espanto no espectador, que espera ansioso a câmera começar a girar e a cena novamente mudar. A título de curiosidade: a edição do filme, como em "Sozinho contra todos", é perfeita. 

Gaspar Noé transmitiu para as telonas um filme necessário para a história do cinema; Um filme que retrata um  dos maiores medos que a mulher de hoje em dia sente. E despido do politicamente correto, ele apresenta uma película completamente cruel, assustadora e genial.

One response to “Irreversível”

Tão cruel, doloroso, puramente cicatrizante.
Um dos melhores filmes, parabéns pela análise aqui!

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