terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ondas do destino

(Breaking the waves, 1996)



Milagres existem? E Deus?
Perguntas que não terão respostas, somente mais perguntas, quando analisadas por "Ondas do destino". O filme cria dilemas científicos e religiosos, utilizando a personagem principal como "cobaia".

A história gira em torno de uma mulher, deixando claro logo no começo do filme, que sofre algum tipo de deficiência mental, ela que pretende se casar com alguem de fora de seu vilarejo, constituidos por religiosos e machistas, assim dizendo. Depois de casada, seu marido volta para a plataforma de petróleo, e sofre um acidente que o deixa paralisado do pescoço para baixo. Então, o mesmo pede um favor para sua amada: sair com mais homens e contar-lhe como que foi, para se sentir ativo.

Bess, a carnificação de Maria Madalena: depois de muito choro e euforia, Bess tenta com todas as forças cumprir o desejo do marido, colocando-a assim contra seus principios morais e religiosos, de certo e errado, perante as leis da igreja. Assimila-se a história de Bess com Maria Madalena, pelo fato de ambas sofrerem injustiças de homens que pensam poder julga-las em nome de Deus.

Deus, correto ou não, e os homens: Inerente à Bess, quando a mesma começa a conversar com o "todo poderoso", ele a responde, porém, com Bess fazendo e narrando a voz de Deus. Um Deus cruel e miraculoso ao mesmo tempo, que atende desejos mas sempre leva algo em troca.
Sem concretizar uma critica destrutiva sobre a igreja, Lars Von Trier analisa de perto as rígidas decisões tomada pela igreja contra uma "pecadora" e sua punição. Homens que julgam quem vai para o inferno ou não, sem compaixão, piedade ou perdão.

Igreja medieval e os milagres divinos:  uma igreja onde as mulheres não tem o poder da palavra, do expressionismo. Uma igreja onde a palavra é seguida ao pé da letra e onde não há espaço para perdoar o pecado e as transgressões religiosas; Um vilarejo onde renasce com os principios medievais, sem chance de redenção.
E os milagres, existem ou não? A dúvida maior do filme são os pedidos de Bess "atendidos" por Deus, mas que sempre deixam sequelas. O questionamento decorrente do filme, que transforma Deus em um vilão, contra os pedidos tristes e amargurados da Maria Madalena moderna.

Um filme injusto sobre um tema polêmico, dirigido com destreza e seriedade por quem realmente entende de cinema; Lars Von Trier.

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