segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Eles vivem

(They live, 1988)


Não sou nada fã de óculos escuros, mas certo dia entrei em uma loja, justamente para experimentar um que tinha visto em um anuncio, que me chamou muita atenção. Olhei no espelho para ver como fiquei e lembrei de "Eles vivem", filme do John Carpenter que eu nunca havia assistido.

Com baixo orçamento, John Carpenter cria um mundo onde seres alienígenas camuflados de humanos, dominam a mídia e caminham na multidão, sem ninguém ao menos desconfiar. Por acaso, John, um trabalhador que acabou de chegar da cidade, descobre, depois de um tumulto envolvendo a policia, óculos escuros nada convencionais. Esses, exclusivamente esses, podem ver os seres por trás da pele de humanos, além de ver as mensagens subliminares em jornais, anúncios de produtos, revistas etc.

Com diálogos bem engraçados e tosquices propositais de ritmo frenético, o filme se alastra, bem divertido, por acaso. Fiel ao cinema trash dos anos 80 e ao estilo do diretor, que mais uma vez traz um anti-herói para as telas, que assim que descobre toda essa conspiração alienígena, empunha uma doze e sai atacando os "visitantes".

O filme todo pode ser entendido como uma critica a sociedade moderna-capitalista em que vivemos, onde o dinheiro manda em tudo e todos. O que é muito interessante, por que "Eles vivem", mesmo sendo um filme trash, causou tanto impacto quanto outras grandes produções que tentaram abusar do mesmo tema, de maneira mais "realista". Outros podem entende-lo como apenas mais um filme sobre invasão extraterrestre.

Um filme B bem filmado pelo mestre criador de Halloween, com caminhos para interpretações diferentes, mostrando que o cinema trash, além de divertido, pode ser profundo. Salve, John Carpenter.

Só pra constar: eu não comprei os óculos escuros e nem sai atirando na vendedora, que persistente, me puxava com todas forças para o lado consumista-desnecessário.

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