quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A liberdade é azul

(Trois couleurs: Bleu, 1993)



Mas afinal, o que é liberdade? E por que usar azul para representá-la?
No dicionário, provavelmente, estará:  fazer o que quiser; não estar preso; ou até mesmo, ser livre.

Logo após o acidente que tira a vida de seu marido e filha, Julie decide apagar toda e qualquer lembrança de sua antiga familia. Ela decide então, recomeçar sua vida desvinculada de bens materias, e sem se envolver sentimentalmente. Sua nova vida é triste, vazia, livre. Não abusando do melodrama clichê de sempre, Kieślowski, com maestria, mostra um tipo de liberdade forçada, egoísta, com uma personagem que sem coragem de se suicidar com remédios ou qualquer outro tipo de artifício, decide por sentar e esperar pela morte.

O azul...azul do mar, azul do céu... Azul também representa tristeza, melancolia, solidão. As vezes, Julie passa horas à fio numa enorme piscina, com o pesado sentimento em suas costas (sem melodrama). O azul está em toda parte, em todos os personagens, em todos detalhes; cor que foi colocada ali para representar a tristeza de Julie, já que ela não se expressa, e mal consegue chorar. Tanto que em uma bela cena, a criada esta chorando em um canto da casa. Julie pergunta o por que dela estar chorando, e a mesma a surpreende dizendo: eu choro por que você não chora!

A liberdade é azul; esse tipo de liberdade é azul. Esse sentimento de estar livre de família, de poder caminhar sem preocupações, de não ter horário pra ir embora. Uma liberdade sofrida; por isso, uma liberdade azul.






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