quarta-feira, 14 de julho de 2010

Código desconhecido

(Code Inconnu - Récit Incomplet de Divers Voyages, 2000)



Antes de ver "Código desconhecido", já ciente que era um filme do Haneke, comecei a lembrar de vários fatos que eu presenciei, em que a Xenofobia se mantinha presente. Nesse filme, Haneke quis mostrar, diretamente, esse mal na França; Mas é óbvio que o problema é recorrente em, generalizando, todo lugar.

A trama se desenvolve com base em três personagens: Anne, atriz que está no elenco de um filme; seu marido, Georges, fotógrafo de guerra; e o irmão de Georges, Jean, que mora junto ao pai em uma fazenda. A história cruzada começa quando Jean, sem querer - ao meu ver - joga um saco de papel em uma senhora imigrante, que jazia na calçada pedindo esmola. Um jovem negro que viu tal ato, bloqueia o caminho de Jean e pede ao mesmo para que peça desculpa a senhora. Uma briga começa e quando a polícia chega, a imigrante é deportada, e o jovem negro que só queria defender a honra da mulher, vai para a cadeia. 

A partir de tal injustiça, o filme é construido com vários cortes secos mostrando o cotidiano dessas pessoas, em um universo com cenas aleatórias de todos os personagens. A idéia dos cortes e do trajeto não-linear dos acontecimentos foi uma idéia boa, entretanto... A execução de tais no longa, acaba sendo enjoativa. As vezes, as cenas não tem ligação alguma com a trama, oque deixa o telespectador ansioso pelo que virá, quando não virá nada. Esse é o ponto baixo do filme.
 
As atuações são monstruosas; Os atores e atrizes do longa nos levam à injusta e xenofóbica França, nos mostrando sentimentos - quase - reais de solidão, desprezo e, até mesmo, remorso. Uma cena memorável, quando a imigrante começa contar, aos prantos, que certo dia deu esmola para uma cigana e ao encostar seus dedos em tal cigana, correu para casa para se lavar e ver-se livre de doenças. Logo mais, conta que um ato parecido aconteceu com ela, quando pedia esmola. 

Mesmo tendo algumas tomadas desnecessarias, o longa cumpre o seu papel, que, novamente, é atingir o psicológico das pessoas, com violência física ou psíquica, direta ou indiretamente - a cena do metrô é a parte mais tensa do filme, e a que mais divide opniões, perante o possível preconceito gerado pela atriz e a atitude descomfortante que o rapaz toma.

E como diz o fotógrafo, em certa parte do filme: "É mais fácil se adaptar ao cotidiano da guerra, do que à rotina da cidade grande". 




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