domingo, 11 de julho de 2010

Os idiotas

(Idioterne, 1998)



Se já é dificil falar alguma coisa sobre um dos cineastas mais polêmicos, que é o dinamarquês Lars Von Trier, imagina bolar uma análise sobre um de seus filmes? Esse em especial, que seguiu as regras do manifesto Dogma 95, qual Von Trier criou junto com o cineasta, dinamarquês tambem, Thomas Vinterberg.

Para quem não sabe, Dogma 95 é um movimento que foi criado com base para regressar ao cinema como arte, um cinema mais realista; quebrar o monopólio do cinema capitalista-hollywoodiano. Portanto, para tal façanha, para ser reconhecido pelo Dogma 95, há algumas restrições, quais também são chamadas de "voto de castidade". As restrições consistem em: não usar artificio tecnológico para encrementar as gravações; a luz e som devem ser naturais; a camera deve ser usada na mão; O filme tem que ser gravado em tempo real;  entre outras restrições.

Os idiotas, segundo filme do manifesto, seguindo fielmente todas as restrições, nos coloca frente-a-frente com uma mulher em um restaurante, que observa um deficiente mental fazendo algazarra no estabelecimento e causando impaciência no garçom e naqueles que ali almoçavam. Junto com o deficiente, havia outro, que não parava de chorar, e uma moça, que parecia tomar conta deles (tarefa que não estava sendo fácil). O deficiente que fazia bagunça, assim que viu a mulher sentada na mesa, veio e agarrou em sua mão; Ela, perante o problema dele, decide acompanha-los até o carro. O garçom, ja impaciente com todo esse barulho, deixa-os sairem sem pagar a conta. A moça tem que acompanhar o deficiente dentro do carro tambem, desde que o mesmo não quer solta-la de jeito nenhum; ja no carro, eles começam a gargalhar e a farsa é descoberta.

Um grupo de jovens intelectuais que não simpatizam com a sociedade hipócrita, burguesa, agem feitos deficientes mentais, para ver a reação das pessoas. Esse mesmo grupo em que a mulher do restaurante começa a acompanhar e ao decorrer do longa, criar certo afeto e simpatia.

Além de mirar diretamente à sociedade capitalista, os jovens procuram o "idiota" interior de cada um, dizendo que são mais felizes assim. Muitas vezes, a piada é levada tão a sério que eles sofrem com a crise, denominada paranóia - onde entram em uma transe psicológica, vezes deixando-os agressivos, vezes deixando-os como verdadeiros idiotas.

O filme tem um enredo e um desenrolar forte e um tanto impróprio - as cenas de nudez e sexo são bem explicitas - transformando o filme em algo um tanto perturbador para se assistir até o final. O ápice de tormento ocorre nas cenas finais, [SPOILER] onde uma orgia acontece defronte a câmera.[SPOILER].

Com os elementos de gravação usados, determinados pelo dogma 95, Von Trier deixa o espectador lado-a-lado com "os idiotas". A câmera tremula, as atuações bem reais e os fatos decorrentes, deixa quem assiste aflito e em dúvida, se aquil que estava assistindo realmente é ficcional. 

Os idiotas, além de uma boa crítica à sociedade, é um bom experimento para os cinéfilos mais ousados. Não da para indicar para o público em geral, pois o mesmo não vai entender a grandeza do filme e a idéia do polêmico diretor.

Além de tudo isso, quem nunca quis expor seu idiota interior, mas não o fez com medo do que os outros possam pensar? E quem nunca achou o próximo tão idiota por se portar de maneira indiscreta e ousada, ou como a sociedade chamaria, "politicamente incorreta"? Por fim, somos todos hipócritas, e disso, Lars Von Trier sabe bem.


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