quarta-feira, 14 de julho de 2010

A tortura do silêncio

(I confess, 1953)


Injustiça "A tortura do silêncio" ser  pouco falado na filmografia do mestre Hitchcock; Um filme com um tema tão ousado e um desenvolver tão chocante, deveria ser visto de maneira correta, mais explícita pela mídia e pelos cinéfilos.

Explorando o universo católico, o que era dificil na época que o filme foi lançado, desde que a igreja  tinha "mão maior" na indústria cinematografica - também - com medo de seus interesses e dogmas serem violados ou comprometidos, Hitchcock nos coloca perante um padre que, no confessionário, ouve a confissão de um - aparentemente - amigo. Otto Keller diz ao padre Logan (interpretado por Montgomery Clift) que cometeu assassinato; Mesmo explicando para o padre que tal ato foi um acidente, o padre acha que a melhor solução para Keller conseguir redenção e prosseguir com sua consciência limpa, é se entregando à polícia. Porém, a trama é bem mais complexa que isso.

Como é típico dos filmes do mestre, esse também mostra um homem que leva culpa por um crime que não cometeu. Na noite do assassinato, duas garotinhas que passavam pela rua da vítima, viram um suposto padre saindo do local do crime. Como o padre Logan havia visitado a casa da vítima, na manhã seguinte da confissão, o maior suspeito é ele. Entre outros motivos que não da pra citar por aqui (spoiler).

É agora que entra a maior jogada do filme; Quando Otto percebe que a polícia esta muito emcima do padre, ele imagina que Logan esteja "dando com a língua nos dentes" e, num ato desesperado, pressiona o padre com o seguinte dilema: "Você fez um voto com a igreja; Minha confissão, a ti entreguei, e você, a ninguém entregará". 

Como na maioria dos filmes do Hitchcock, esse também tem aquele toque romântico, de cenas bonitas com uma trilha sonora perfeita. O romance acontece antes de Logan ter se tornado padre; antes mesmo de ter estourado a guerra, com Ruth, interpretada por Anne Baxter. Romance que faz parte interina no desenrolar da acusação contra o padre.

Um clima sombrio, de pura tensão, recheia a tela, quando o inspetor faz perguntas ao padre Logan, e o mesmo, sem poder quebrar seu voto com a igreja católica, fica sem reação, assim, o incriminando ainda mais. Não só nas cenas de interrogatório; mas nas cenas de perseguição e até mesmo na cena inicial, da confissão; Sempre coberto por uma trilha sonora excepcional.

A tortura do silêncio é de longe um dos melhores filmes do hitchcock, da galeria dos menos conhecidos. Não se compara com suas obras maiores, como Janela indiscreta, Um corpo que cai etc. mas é um ótimo filme, com um bom dilema e um final, no mínimo, intrigante.
 




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